domingo, 19 de fevereiro de 2012

HARE KRISHNA


A Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON), uma tradição monoteísta inserida na cultura Védica ou Hindu, popularmente conhecida como Movimento Hare Krishna, é baseada nos ensinamentos do guru Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu (1486-1534) e foi trazida para o Ocidente em 1965 por A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Os membros da sociedade participam dos serviços nos templos e realizam suas práticas (tecnicamente chamadas de bhakti-yoga ou yoga da devoção) em casa ou passam a se dedicar inteiramente ao serviço e devoção a Suprema Personalidade de Deus Krishna, levando uma vida monástica. No caminho da consciência de Krishna (Krishna é um nome de Deus que significa todo-atrativo em sânscrito) não se recomenda o consumo de álcool, cigarro e demais drogas e segue-se uma dieta lacto-vegetariana. Os seguidores geralmente dão ênfase aos benefícios espirituais da associação devocional, ao estudo das escrituras Védicas e à entoação de mantras, especialmente o maha-mantra, ou mantra maior: “Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare”. Os mantras são considerados sons transcendentais, cantados repetidamente como auxílio à meditação e auto-realização. Durante o canto, podem manifestar estados de êxtase transcendental, que resultarão na libertação do corpo também através da dança.
OS SETE PROPÓSITOS

Ao fundar o ISKCON, Srila Prabhupada elaborou sete propósitos para a união no espírito de devoção, cultivando a pura consciência a serviço amoroso de Deus. São eles:
Propagar o conhecimento espiritual entre as sociedades a fim de educar todas as pessoas nas técnicas da vida espiritual, restabelecendo o equilíbrio dos valores na vida e, finalmente, alcançando a verdadeira união e paz mundiais;
Propagar a consciência de Krishna (Deus), assim como foi revelada nas grandes escrituras da Índia, o Bhagavad-gita e o Srimad Bhagavatam;
Unir os membros da sociedade e torná-los mais próximos de Krishna (a entidade primordial). Isto fará com que cada alma (tanto dos membros, como da sociedade) seja parte integrante de Krishna;
Ensinar e encorajar o movimento de sankirtana – o canto congregacional do santo nome de Deus – tal como foi revelado nos ensinamentos do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu;
Erguer, para os membros da sociedade e demais, um local sagrado de passatempos transcendentais dedicado à personalidade de Krishna;
Manter os membros unidos com a finalidade de ensinar um modo de vida mais simples e natural;adasdsadadasdasdsadsad
Publicar e distribuir periódicos, revistas e livros com os propósitos acima mencionados.

ATIVIDADES

Os devotos de Krishna pregam que a forma de vida humana tem um objetivo: tornar a pessoa espiritualizada, consciente de Deus. Para isso, eles se valem da máxima védica “sempre se lembrar de Krishna e nunca se esquecer de Krishna”.
Assim, todas as atividades de um devoto são, na medida do possível, ajustadas a esse propósito. Trata-se de uma busca consciente e saudável por uma qualidade de vida melhor, mais identificada com valores espirituais e eternos do que com valores materiais e efêmeros.
Além disso, há quatro virtudes que são consideradas os pilares de uma vida espiritual são: austeridade, não-violência, limpeza e veracidade. Os devotos sempre procuram praticá-las, uma vez que elas favorecem e facilitam o desenvolvimento de uma espiritualidade saudável, consciente e sem fanatismos.

VEDAS

A palavra Veda significa conhecimento, e Vedas são as escrituras compiladas pelo grande sábio Vyasadeva. Originalmente o conhecimento era transmitido por via oral, porém, com o advento da era de Kali, quando o homem perde poder de concentração, inteligência e memória, se fez necessário codificar os Vedas em forma escrita. Os quatro Vedas são Rg, Yajur, Sama e Atharva, mas também se considera como literatura Védica toda aquela que esteja de acordo com o sidhanta Védico, o qual poderia ser resumido na descrição sobre conhecimento encontrada no Bhagavad Gita, (13.8-12): “aceitar a importância da auto-realização e buscar a Verdade Absoluta.” O objetivo dos Vedas, portanto, é proporcionar respostas plausíveis para o candidato em busca filosófica acerca da Verdade Absoluta.
Em sua palestra, Srila Prabhupada, menciona que o homem, como toda alma condicionada, está sujeito a quatro tipos de limitações. 1- Pramada: tem a tendência a cometer erros. Isto ocorre até mesmo por simples falta de atenção. 2- Bhrama: tendência a se iludir especialmente sobre sua própria identidade. A alma condicionada pensa ilusoriamente que é o corpo material no qual está habitando. 3- Vipralipsa: tendência a enganar outros. Devido a nossa vasta experiência, esta limitação do homem dispensa aqui maiores comentários; E, 4- Karanapatava: tem sentidos imperfeitos. Nossos olhos, por exemplo, são tão incapazes de ver o que se encontra por trás de uma parede como de nos revelar Deus.
De acordo com a epistemologia Védica há dez processos para se adquirir conhecimento. Diferentes escolas filosóficas da Índia adotam diferentes combinações desses processos como métodos realmente válidos. A seguir mencionaremos os dez pramanas ressaltando os três últimos, os quais, foram classificados por Prabhupada em sua palestra como os três tipos de evidências.
Arsa – Declaração de um semideus ou um sábio reconhecido. Kapila, Gautama e Patanjali são alguns dos sábios que apresentam a filosofia védica. Para os vaishnavas este tipo de evidência carece de confirmação nas escrituras.
Upamana – Comparação. Compara-se os objetos conhecidos com outros desconhecidos.
Arthapatti – Pressuposição. Faz-se uma suposição para explicar um fato conhecido, que, de outro modo, seria inexplicável.
Abhava – Ausência. Através do funcionamento de pelo menos um dos cinco sentidos percebe-se a ausência de algum objeto conhecido. Abhava pramana é às vezes considerada uma categoria de evidência à parte por não consistir do contato definitivo do instrumento do sentido com seu objeto, como existiria numa percepção sensorial comum.
Sambhava – Inclusão. Conclui-se que uma grande quantidade contém uma quantidade igual ou menor do mesmo objeto.
Aitihya – Tradição. Aceita-se como um fato alguma informação adquirida por tradição cultural, ainda que de fonte desconhecida.
Chesta – Gestos. O conhecimento é transmitido através de gestos. Ex : O “V” da vitória.
Pratyaksa – Percepção direta. Toma-se conhecimento através do contato dos sentidos com seus objetos. Pode ser de dois tipos, externa, quando percebida por um ou mais dos cinco sentidos para adquirir conhecimento; E interna, quando se percebe emoções como dor, amor, ódio, através do sentido interno, a mente. Devido aos quatro tipos de limitações dos seres condicionados, e por nos limitar a perceber apenas o presente e nunca o passado ou futuro, pratyaksa nem sempre é considerada como um meio de se obter conhecimento válido. No que se refere à experiência pura de pratyaksa de Vaishnavas puros, ela é considerada sem defeitos e é chamada de “Pratyaksa Mística” ou Vaidusya Pratyaksa.
Anumana – Dedução. A palavra anumana significa literalmente “conhecer depois”. Trata-se de uma sugestão, portanto, não é considerada como perfeita. Pode ser de dois tipos, Dedução Pessoal, quando se chega a uma conclusão depois de se perceber o mesmo fenômeno ocorrer repetidamente sem variações; E, Dedução Induzida Para Outros, que é conseqüência da dedução pessoal e segue uma fórmula silogística composta por cinco etapas, a)Proposição. Que se baseia em percepção direta. Ex: Há fogo na montanha; b) Razão. Aquilo que leva o sujeito a pensar no assunto. Ex: Porque percebe-se fumaça na direção da montanha; c) Princípio Geral. O conhecimento experienciado antes; Ex: Na cozinha sempre que há fumaça é porque há fogo; d) Aplicação. Utilizando-se de experiência anterior, observa-se um fenômeno atual. Ex: Há fumaça na montanha; E, e) Conclusão ou Dedução Induzida Para Outros. Deduz-se que o fenômeno atual é semelhante ao fenômeno previamente conhecido, portanto, pode-se convencer outros. Ex: Há fogo na montanha. Para exemplificar como anumana deixa de ser uma evidência perfeita, imaginemos se, ao olhar para a montanha, o pensador do exemplo acima tivesse pensado ser fumaça o que de fato era neblina. Ele teria errado duas vezes, a primeira por, através da percepção direta, pratyaksa, confundir neblina com fumaça e a Segunda por deduzir que havia fogo na montanha.
Shabda – Revelação. Literalmente a palavra shabda significa “som”. Trata-se do som original através do qual o conhecimento transcendental foi transmitido do mundo espiritual para o primeiro ser criado. Apauruseya-sabda-pramana significa evidência revelada através de instruções vindas diretamente do mundo espiritual. Essas instruções foram colocadas de forma escrita na literatura Védica. Sabda pramana é considerada a evidência livre de defeitos. Diferentemente de pratyaksa, sabda pramana, além do presente, também pode nos revelar o passado e o futuro. Srila Jiva Goswami diz que sabda pramana tem significado restrito ao conhecimento revelado nos Vedas ou ao conhecimento que é revelado por fonte sobre-humana, pela Suprema Personalidade de Deus, e que é transmitido por sucessão discipular através de gurus genuínos.
Depois de discorrer sobre a importância de se obter conhecimento genuíno através da fonte certa e de citar o Bhagavad Gita (15.15), tanto para revelar o objetivo dos Vedas, como para vincular a pessoa de Krishna ao conceito védico de Suprema Personalidade de Deus, Prabhupada ainda fala sobre a importância do mestre espiritual no caminho do conhecimento transcendental, em seguida ele glorifica o Srimad Bhagavatam como a escritura védica produzida por Vyasadeva em sua maturidade para explicar o Vedanta-Sutra que é o resumo total do conhecimento védico e conclui pedindo humildemente a sua exigente audiência que tente compreender a explicação do conhecimento védico recorrendo ao Bhagavad Gita e ao Srimad Bhagavatam.
O movimento Hare Krishna, nome pelo qual é conhecida a Sociedade Internacional Para a Consciência de Krishna (ISKCON — Internacional Socíety for Krishna Consciousness) é um tipo ortodoxo de hinduísmo vedantista.
O movimento tem aproximadamente quinhentos anos de fundação na Índia, trinta anos no Ocidente e vinte anos no Brasil. Foi fundado por “Sua Divina Graça” Abhay Charan de Bhaktivedanta Swami Prabhupada que viveu como farmacêutico até 1959, tendo nascido em Calcutá, India, em 1896. Em 1959 deixou sua mulher e os cinco filhos para devotar-se de tempo integral e estudar com Síddharha Goswami. Este encarregou Prabhupada de levar a mensagem de devoção a Krishna ao Ocidente. Veio pela primeira vez aos Estados Unidos em 1965, e em 1966 havia estabelecido o culto hindu de Krishna num pequeno aposento na cidade de Nova York. Antes de morrer, em 4 de novembro de 1977, indicou um corpo dirigente de onze discípulos que continuaram sua missão. O presidente da ISKCON de Nova York, Bati Mardan Maharaj, disse por ocasião da morte dele: “Prabhupada foi um gênio mundial, maior que Jesus Cristo”. Por isso ele é chamado “Sua Divina Graça”.

ESTILO DE VIDA DOS DEVOTOS

Os homens raspam a cabeça, deixando apenas um topete no alto e carregam um rosário de 108 contas, geralmente numa bolsa a tiracolo. O mantra é cantado 16 vezes para cada conta, diariamente. A cor do vestido é geralmente alaranjada para as mulheres. Pintam o corpo e o rosto para santificação e proteção com “tilaka”, uma pasta com água e um barro especial obtido na Índia e aplicado cada manhã, depois de um banho frio, em 13 diferentes partes do corpo, enquanto repetem os 13 diferentes nomes de Krishna.

Regras de Conduta Básica

Há 4 regras que todos os novos membros devem obedecer:

1. Não comer peixe, carne e ovos;
2. Não se intoxicar com drogas, bebidas, fumo etc;
3. Não praticar jogos de azar;
4. Não praticar sexo, exceto no casamento (com finalidade de procriar).
Horário Diário
3 horas: levantar, chuveiro e pintura (tilaka);
4 horas: Adorar ídolos;
5 horas: Cânticos;
7:30 horas: Tarefas, refeições;
12:30 horas: Almoço vegetariano;
13:16 horas: Trabalho e adoração no templo;
17 horas: banho;
21 horas: Cama.

A sociedade

A sociedade divide-se em:
a. Trabalhadores: que fazem o esforço mais braçal (limpeza do templo, confecção de grinaldas de flores para os ídolos ou divindades);
b. Comerciantes: vão à rua pregar e difundir o movimento (na realidade, obter dinheiro com a colocação de incenso e livros em ônibus, ruas, escritórios, gabinetes);
c. Administradores: exercem a função de direção no templo, na editora ou na fazenda; traduzem do inglês, escrevem e estudam as escrituras védicas.

Os ídolos

Os ídolos das divindades nos templos não são considerados como ídolos pelos devotos, senão como encarnações de Krishna (aparecendo em formas materiais).
Os ídolos são espanados, vestidos, alimentados e banhados em águas de rosas. Na realidade o líquido usado para banhar um ídolo de Krishna consiste de águas de rosa, mel, leite e um pouco de urina de vaca. Depois de terminada a cerimônia os devotos consideram uma honra beber tal líquido misturado!
As mulheres
Há segregação de sexos. As mulheres e crianças adoram de um lado do santuário; os homens de outro. As mulheres e os homens comem separadamente. As mulheres se aconselham que não façam nada por sua conta, de modo que não podem nem sair do templo sem permissão. Se têm que sair para mandar um recado, devem sair acompanhadas de um membro. A mulher está colocada numa situação de verdadeira criada do marido.

O mantra

Dá-se muito valor ao cântico dos mantras como um meio de se alcançar a iluminação (consciência de Krishna): “Hare Krishna, Hare Krishna, Hare Krishna, Hare Hare, Hare Rama, Rama, Rama, Hare Hare” (Hare significa “a energia do Senhor”; Krishna e Rama são títulos dados ao deus Kríshna).
No início não manifestam todos os oitos estados de êxtase transcendental:

])ficar imóvel;
2) transpirar;
3) arrepiar os pêlos
4) mudar a voz;
5) estremecer; de todo o corpo;
6) perda das forças físicas do corpo;
7) chorar em êxtase;
8) entrar em transe.

O primeiro sintoma do êxtase é o ímpeto de dançar à medida que se canta o mantra.
Condições para ser membro completo
Depois de observar estritamente as quatro regras, os novos adeptos devem aprender a cantar, a participar do templo, prostrar-se diante das divindades de madeira e mármore, e adaptar-se à rotina do templo. Seguem os seguintes estágios:

O serviço do templo

O serviço do templo tem importância considerável para os adeptos de Krishna. Deve-se entrar para o serviço do templo para demonstrar sua devoção.
Os devotos mais antigos insistem na entrega total da personalidade à filosofia do movimento Hare Krishna.
Iniciação
Depois de participar por seis meses do templo, o novato é indicado para a iniciação. A cerimônia é chamada “Hare-nama”, ou iniciação do sagrado nome. E dado um novo nome espiritual.
Logo depois vem um período de espera de seis meses adicionais. Agora o devoto é eleito para o segundo rito: a iniciação bramânica. Se fizer tudo o que se lhe manda, sem fazer perguntas, e se é fiel em todo o serviço, alcança um estado de adiantamento espiritual.
Os homens recebem um manto sagrado que leva sobre o ombro esquerdo e sobre o peito. As mulheres não recebem tal manto. Os devo­tos recebem também um mantra secreto, o mantra “gayatri”, que deve ser cantado três vezes por dia. A “Sanniasa”
O passo seguinte na escala espiritual se conhece como “Sanniasa’. É um estado de renúncia reservado para os homens, especialmente o devoto”.
Implica em voto de pobreza e castidade, e numa entrega à pregação e obras, que dura toda a vida. Quando o devoto vem a estes “5 anniasa”, considera que tem obrigação de prostrar-se, porque estes monjes são considerados realmente santos.

Modo de viver dos casados

Ao casal que deseja ter um filho se ensina que tenham relação sexual uma vez por mês, no dia que a mulher se mostrar fértil. Antes de entrar no ato sexual deve o casal cantar 50 vezes sua corrente de contas (que é como um rosário) para purificar-se. Uma mulher casada deve pedir permissão ao seu marido para qualquer coisa fora dos deveres prescritos no templo. A mulher está colocada como inferior ao marido.

 

Fonte: http://joaobosco.wordpress.com/2008/07/25/hare-krishna/

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