Nas últimas décadas a ciência tem demonstrado cada vez mais interesse na meditação Budista. Há um crescente número de estudos e pesquisas que buscam identificar e medir os efeitos que a meditação causa, particularmente no cérebro. Nesta página estarão listados os artigos e notícias que informam sobre esse tipo de pesquisas e estudos, e os resultados alcançados.
Meditação e a Menopausa
Um novo estudo diz que um método de meditação muito fácil de ser aprendido pode ajudar aliviar as ondas de calor, os suores noturnos e a insônia da menopausa.
O estudo feito na Universidade de Massachusetts mostrou que a meditação Budista da atenção plena reduziu o sofrimento associado com as ondas de calor e melhorou a condição física, psicossocial e sexual das participantes.
"Os resultados são importantes porque a terapia de reposição hormonal, empregada para tratar os sintomas da menopausa está associada a riscos para a saúde," disse James Carmody, o autor do estudo, que é um professor de medicina na divisão de medicina preventiva e comportamental.
Os pesquisadores observaram que cerca de 40% das mulheres na menopausa sofrem com ondas de calor e suor noturno, o que compromete a sua qualidade de vida. Mas visto que a terapia de reposição hormonal foi relacionada a um aumento no risco de doenças coronárias, câncer de mama e avc, Carmody observou que "não somente as mulheres estão buscando terapias alternativas, mas também é uma prioridade do NIH (National Institutes of Health) encontrar tratamentos comportamentais."
De acordo com o estudo, nenhum outro tratamento que substitua a terapia de reposição hormonal foi encontrado, mas o treinamento na meditação da atenção plena parece possibilitar que as mulheres sejam "menos reativas" aos sintomas da menopausa.
A meditação da atenção plena ajuda focar no presente. As praticantes evitam fazer julgamentos e simplesmente aceitam o que quer que esteja acontecendo na mente enquanto dirigem a sua atenção para a respiração. Os especialistas observam que não é difícil aprender a técnica, mas alguma disciplina é necessária no princípio.
O objetivo dos pesquisadores foi influenciar a reação das mulheres aos sintomas, "incluindo a aflição psicológica, o desconforto social e a ansiedade."
"Queríamos ver se poderíamos influenciar a resiliência das mulheres em resposta a esses sintomas," explicou Carmody. "Não estávamos tentando influenciar os sintomas em si, embora estes também tenham tido algum efeito."
O estudo dividiu 110 mulheres com idade entre 47 e 69 anos em dois grupos, um que recebeu o treinamento, e o outro na "fila de espera" aguardando o treinamento.
As participantes preencheram um questionário para determinar os fatores que se sabe influenciam as ondas de calor como por exemplo o consumo de álcool, a prática de yoga e exercícios.
Os pesquisadores também mediram quatro dimensões de qualidade de vida: as funções física, psicológica, vasomotora (ondas de calor) e sexual. As mulheres avaliaram o incômodo causado pelos sintomas numa escala de quatro pontos, variando "de modo nenhum" a "extremamente" incomodada. Elas mantiveram um diário anotando o número e a intensidade das ondas de calor e do suor noturno. Na média as mulheres tinham no início do estudo,. diariamente, cinco ou mais ocorrências de ondas de calor ou suor noturno, moderadas a severas.
Depois de participarem no treinamento uma vez por semana ao longo de oito semanas e mais um dia inteiro, as mulheres no grupo do treinamento experimentaram uma redução de 15% na intensidade do incômodo dos sintomas contra 7% no grupo de controle. Embora a intensidade das ondas de calor não fosse muito diferente, o grupo do treinamento relatou melhor sono e menos ansiedade e percepção de estresse.
No começo do estudo, que ocorreu de Novembro de 2005 a Setembro de 2007, as participantes tinham problemas de sono com "significância clínica." A melhora no sono foi um importante resultado do estudo.
"O que mais nos surpreendeu foi o efeito no sono," disse Carmody, notando ter sido observado que o treinamento da atenção plena foi tão eficaz quanto a terapia de reposição hormonal na redução da insônia.
Outro especialista elogiou o estudo por utilizar a "conexão mente-corpo" para ajudar as mulheres com sérios sintomas de menopausa, sem "efeitos colaterais."
"Sabíamos da conexão mente-corpo," disse a Dra. Jill M. Rabin. "Estamos apenas começando a desvendar o poder da mente para impactar a nossa identidade psicológica."
O estudo foi publicado na edição de Junho de 2011 da revista Menopause.
A Meditação Contribui
Para Decisões mais Sábias
Para Decisões mais Sábias
Não é segredo que os seres humanos não respondem de modo inteiramente racional quando se trata de avaliar recompensas. Por exemplo, podemos nos sentir perfeitamente satisfeitos com quanto ganhamos até descobrir o salário do colega no cubículo ao lado.
Mas um novo estudo sugere que as pessoas que praticam a meditação Budista com regularidade, na verdade processam essas situações sociais corriqueiras de modo distinto - e os pesquisadores têm as imagens do cérebro para provar isso.
Ulrich Kirk e mais um grupo de colaboradores do Baylor Medical College em Houston, Texas, convidaram para o estudo 26 meditadores budistas experientes e 40 voluntários para controle, para participar numa conhecida experiência conhecida como Ultimatum Game. O experimento consiste no seguinte:
Uma pessoa tem uma certa quantia de dinheiro para ser dividida com outra pessoa. No experimento as duas pessoas interagem para decidir como dividir o montante em dinheiro. O primeiro jogador propõem como dividir o dinheiro e o segundo pode aceitar ou rejeitar a proposta. Se o segundo jogador rejeitar a proposta por ser demasiado mesquinha - o que acontece com surpreendente freqüência - nenhum deles recebe nada. Se o segundo jogador aceitar a proposta então o dinheiro será dividido de acordo com o que foi proposto.
A decisão mais racional é aceitar qualquer oferta que seja proposta, porque obter algo é melhor do que não obter nada, mas o Ultimatum Game sugere que, para muitas pessoas, a emoção ganha da razão. Ser tratado de forma justa é mais importante do que obter um ganho financeiro.
Os participantes no jogo tinham que dividir US$ 20 entre si. Quando as ofertas eram exageradamente assimétricas (mantendo US 19 para si mesmo e oferecendo apenas US$ 1 para o outro), 72% dos participantes do grupo de controle recusaram a oferta, significando que ambos participantes saíram de mãos vazias. Mas quando os meditadores jogaram, apenas 46% rejeitaram esse tipo de oferta tão injusta. Mais da metade estavam dispostos a aceitar qualquer coisa que fosse oferecida.
Os participantes jogavam o jogo deitados dentro de uma máquina de MRI funcional permitindo que os pesquisadores observassem quais áreas do cérebro eram ativadas ao responderem às ofertas monetárias. Da mesma forma que já havia sido observado em outros experimentos com o Ultimatum Game, a área do cérebro ativada quando os participantes do grupo de controle foram confrontados com uma oferta injusta foi a insula anterior, uma área conectada às emoções de aversão/repulsa.
Mas os cérebros dos meditadores reagiram de uma maneira bastante diferente, ativando áreas do cérebro associadas com a representação do estado interior do corpo - "interoception". Na verdade, os pesquisadores encontraram muita pouca coisa em comum na resposta neurológica dos dois grupos.
Kirk, que recrutou os meditadores participantes do estudo no Houston Zen Center e outros grupos Budistas locais, queria explorar um mecanismo para controlar as emoções, diferente daqueles que em geral são estudados na neurociência cognitiva.
"Para nós parecia que um modo mais ecológico de fazer isso seria observar os efeitos da atenção plena," ele diz. "A atenção plena, ao contrário do controle das emoções, é o emprego de um ponto de vista externo em relação à própria experiência, ao invés de modificar o seu conteúdo, (por meio da distração), ou o seu contexto, (através da recomposição)."
Kirk, que agora é professor pesquisador assistente junto ao Human Neuroimaging Laboratory na Virginia Tech, diz que apesar do comportamento dos meditadores parecer em geral ser mais "racional" do que a maioria do grupo de controle, eles não empregaram o cortex pré-frontal dorso-lateral, a parte do cérebro em geral associada ao raciocínio frio e calculista.
Ele também entrevistou informalmente muitos dos meditadores depois deles serem submetidos ao MRI (participarem do jogo). "Eles relataram que as ofertas na verdade não pareciam injustas, ou melhor dizendo, que 'diferença' não equivale a injustiça," diz Kirk. "Foi como se a percepção da diferença provocasse menos reação nos meditadores."
Além de Ulrick Kirk, Read Montague, professor de física na Virginia Tech e Jonathan Downar, professor assistente junto à Neuropsychiatry Clinic e o Centre for Addiction and Mental Health na University of Toronto também participaram do estudo.
O estudo foi publicado na edição de Abril de 2011 da Frontiers in Decision Neuroscience.
Estudo indica que com apenas uma hora de meditação
a dor é reduzida
a dor é reduzida
Um estudo divulgado recentemente revela que um principiante com apenas 80 minutos de treinamento na prática de meditação pode produzir efeitos poderosos de redução da dor no cérebro.
"Este é o primeiro estudo demonstrando que um pouco mais de uma hora de prática de meditação pode reduzir de forma dramática a experiência da dor e a ativação das áreas do cérebro relacionadas com a dor", afirmou Fadel Zeidan, autor do estudo e membro da equipe de pesquisas de pós-doutorado do Wake Forest Baptist Medical Center na Carolina do Norte. Ele ainda explicou que "Este estudo demonstra que a meditação produz efeitos mensuráveis no cérebro e pode proporcionar uma maneira eficaz das pessoas reduzirem a sensação de dor sem recorrer a medicamentos."
O resultado do estudo foi publicado na edição de 6 de Abril do Journal of Neuroscience.
"Encontramos um efeito significativo - cerca de 40% de redução na intensidade da dor e 57% de redução na sensação desagradável causada pela dor. A meditação produz uma redução mais significativa na dor do que mesmo a morfina ou outros medicamentos contra a dor, que em geral reduzem a intensidade da dor por volta de 25%", ele acrescentou.
Os pesquisadores trabalharam com um grupo de 15 voluntários com boa saúde que nunca tinham meditado. Os voluntários foram treinados durante 20 minutos por dia, ao longo de 4 dias, para aprender a meditar trabalhando com a respiração e deixando de lado as emoções e os pensamentos.
Antes e depois da meditação a atividade cerebral dos participantes foi monitorada com um tipo especial de imagem por ressonância magnética (MRI).
Denominada "arterial spin labeling magnetic resonance imaging" (ASL MRI), esse exame é capaz de produzir uma melhor leitura de processos cerebrais com duração mais longa, tal como a meditação, do que um exame MRI tradicional do cérebro.
Enquanto estavam sendo submetidos ao exame ASL MRI um dispositivo produzindo calor foi colocado na coxa direita dos participantes. Esse dispositivo aqueceu durante 5 minutos uma pequena área da pele a uma temperatura de 120oF (49oC), o que para a maioria das pessoas provocaria uma reação de dor.
O exame feito depois da meditação mostrou que a intensidade da dor sentida por todos participantes foi reduzida, com diminuições entre 11% e 93%, afirmou Zeidan.
Por outro lado, a meditação também reduziu a atividade somatosensorial no córtex primário, uma área que está envolvida na criação da sensação de localização e intensidade de um determinado estímulo sensorial de dor.
O exame feito antes do treinamento na prática da meditação mostrou que a atividade nesta área era bastante alta; mas ao fazerem o exame durante a meditação, a atividade nesta região, que é muito importante no processamento da dor, não foi detectada, é como se essa área tivesse sido desligada.
As áreas do cérebro responsáveis pela manutenção do foco e pelo processamento das emoções também estiveram mais ativas durante a meditação e a atividade foi mais intensa entre os participantes que relataram a maior redução na sensação de dor. "Uma das razões porque a meditação pode ter sido tão eficaz em bloquear a dor é que a sua atuação ocorre não somente numa área do cérebro, mas ao invés disso reduz a dor em múltiplos níveis de processamento," completou Zeidan.
Em geral é entendido que a meditação alivia a dor não através da diminuição da sensação mas ajudando as pessoas a controlar de modo consciente a percepção da dor, diz Katharine MacLean, Ph.D., uma pesquisadora dos efeitos da meditação na Johns Hopkins University, em Baltimore.
No entanto, ela diz, o exame do cérebro deixa claro que ambos processos estão ocorrendo: a meditação muda a natureza da dor antes desta ser percebida e também possibilita que as pessoas saibam melhor como lidar com a dor. "A meditação é na verdade um tipo de afinação do cérebro," diz MacLean.
A técnica de meditação empregada no estudo é denominada "atenção plena (mindfulness)". Empregando a respiração como âncora o meditador observa, sem fazer julgamentos, tudo que estiver ocorrendo no corpo e na mente.
A Meditação da Atenção Plena
e a Estrutura do Cérebro
e a Estrutura do Cérebro
A prática da meditação da atenção plena, (vipassana), durante oito semanas modifica a estrutura do cérebro.
Massachusetts, EUA. A participação num programa de meditação da atenção plena com duração de oito semanas parece resultar em mudanças mensuráveis nas regiões do cérebro associadas com a memória, noção de identidade, empatia e estresse. Num estudo publicado na edição de 30 de Janeiro de 2011 na Psychiatry Research: Neuroimaging, uma equipe liderada por pesquisadores do Massachusetts General Hospital (MGH), descrevem os resultados do estudo feito, o primeiro a documentar modificações, devido à meditação, produzidas ao longo do tempo na massa cinzenta do cérebro.
"Embora a prática de meditação esteja associada com um sentimento de paz e relaxamento físico, os praticantes há muito tempo têm afirmado que a meditação também proporciona benefícios cognitivos e psicológicos que persistem ao longo do dia," diz Sara Lazar, PhD, do MGH Psychiatric Neuroimaging Research Program, a autora sênior do estudo. "Este estudo demonstra que mudanças na estrutura do cérebro podem dar suporte a algumas dessas melhorias que foram relatadas e que as pessoas não se sentem melhor simplesmente porque estão passando algum tempo relaxando."
Estudos anteriores feitos pela equipe da Dra. Lazar e outros observaram diferenças estruturais entre os cérebros de meditadores experientes e indivíduos sem histórico de meditação, verificando o espessamento do córtex cerebral nas áreas associadas com a atenção e a integração emocional. Mas essas investigações não puderam documentar que essas diferenças tenham na verdade sido produzidas pela meditação.
No presente estudo, imagens de Ressonância Magnética (RM) dos 16 participantes no estudo foram feitas duas semanas antes que eles tomassem parte durante 8 semanas no Programa para Redução de Estresse com base na Atenção Plena do Centro para Atenção Plena da Universidade de Massachusetts, (Mindfulness-Based Stress Reduction Program (MBSR) da University of Massachusetts Center for Mindfulness). Além das reuniões semanais que incluíam a prática da meditação da atenção plena - dirigir a atenção desprovida de julgamento para as sensações e estados mentais - os participantes receberam gravações de áudio para a prática guiada da meditação e foram solicitados a manter o registro de quanto tempo meditavam a cada dia. Também foram tomadas imagens de RM do cérebro de um grupo de controle de não meditadores durante o mesmo intervalo de tempo.
Os participantes no grupo dos meditadores relataram em média praticar a meditação durante 27 minutos por dia e as suas respostas a um teste sobre a atenção indicaram melhoras significativas comparadas com o resultado antes do estudo. A análise das imagens de RM, que focaram nas áreas em que diferenças associadas à meditação foram observadas em estudos anteriores, encontraram aumento na densidade da massa cinzenta no hipocampo, que é sabido ser importante para o aprendizado e memória e nas estruturas associadas com a noção de identidade, compaixão e introspecção. A redução no nível de estresse relatada pelos participantes foi correlacionada com a redução na densidade da massa cinzenta na amígdala, que é sabido desempenhar um importante papel na ansiedade e estresse. Embora nenhuma mudança tenha sido observada na estrutura associada à noção de identidade denominada insula, que havia sido identificada em estudos anteriores, os autores sugeriram que a prática da meditação por um período de tempo mais longo pode ser necessária para produzir mudanças nessa área. Nenhuma dessas alterações foi observada no grupo de controle, indicando que não foi uma mudança devido à mera passagem do tempo.
"É fascinante observar a plasticidade do cérebro e que praticando a meditação podemos desempenhar um papel ativo na transformação do cérebro e que podemos aumentar o nosso bem-estar e qualidade de vida," disse Britta Hölzel, PhD, uma das autoras do estudo e pesquisadora no MGH e na Giessen University na Alemanha. "Outros estudos em diferentes grupos de pacientes demonstraram que a meditação pode resultar em melhorias significativas numa variedade de sintomas e agora estamos investigando os mecanismos subjacentes no cérebro que facilitam essa mudança."
Amishi Jha, PhD, um cientista neurológico na Universidade de Miami que investiga os efeitos do treinamento da atenção plena em indivíduos em situações de estresse intensas, diz, "Esses resultados elucidam os mecanismos do treinamento baseado na atenção plena. Eles demonstram que não somente a experiência de estresse de uma pessoa pode ser reduzida com um programa de treinamento da atenção plena de oito semanas mas que essa mudança experimentada corresponde a mudanças estruturais na amígdala, uma descoberta que abre as portas para muitas outras oportunidades de investigação do potencial de MBSR para proteger contra distúrbios originados do estresse como por exemplo o distúrbio do estresse pós traumático (PTSD - Post-Traumatic Stress Disorder). Jha não foi um dos pesquisadores no estudo.
James Carmody, PhD, do Center for Mindfulness na University of Massachusetts Medical School, é um dos co-autores do estudo que teve o apoio do National Institutes of Health, da British Broadcasting Company, e do Mind and Life Institute.
Uma Mente Dispersa
Não é uma Mente Feliz
Não é uma Mente Feliz
As pessoas gastam quase metade do tempo em que estão acordadas pensando em alguma outra coisa do que aquilo que estão fazendo, e essa dispersão mental tipicamente traz a infelicidade. Isso é o que foi verificado num estudo que usou um aplicativo para o iPhone para colher 250.000 dados sobre os pensamentos, emoções e ações dos participantes durante a sua rotina diária.
A pesquisa conduzida pelos psicólogos Matthew A. Killingsworth e Daniel T. Gilbert da Harvard University, foi descrita na revista Science do mês de Novembro de 2010.
"A mente humana é uma mente dispersa e uma mente dispersa é uma mente infeliz," relatam Killingsworth e Gilbert. "A habilidade de pensar sobre o que não está acontecendo é um grande avanço cognitivo mas que tem um custo emocional."
Ao contrário de outros animais, os humanos gastam muito tempo pensando sobre coisas que não estão acontecendo à sua volta: contemplando eventos que aconteceram no passado, que podem acontecer no futuro, ou que nunca acontecerão. Na verdade, parece que a mente dispersa é o modo de operação automático do cérebro humano.
Para avaliar esse comportamento, Killingsworth desenvolveu um aplicativo para o iPhone que contatava 2.250 voluntários em intervalos aleatórios perguntado-lhes quão felizes se sentiam, o que estavam fazendo naquele momento e se estavam pensando sobre a atividade que estavam realizando ou sobre qualquer outra coisa - e, neste caso, se era um pensamento agradável, neutro ou desagradável.
Os participantes podiam escolher de uma lista de 22 atividades gerais como caminhando, comendo, comprando ou assistindo televisão. Em média os respondedores relataram que as suas mentes estavam divagando em 46.9% do tempo e que nada menos do que 30% durante qualquer tipo de atividade exceto na relação sexual.
"A dispersão mental parece estar presente em todas atividades," diz Killingsworth, que estuda para o doutorado em Psicologia na Harvard. "Este estudo mostra que as nossas vidas estão impregnadas, num grau significativo, pela não-presença."
Killingsworth e Gilbert, que é professor de psicologia na Harvard, descobriram que as pessoas se sentiam mais felizes numa relação sexual, se exercitando ou conversando. Elas se sentiam menos felizes descansando, trabalhando ou usando um computador.
"A dispersão mental é um indicador excelente para predizer a felicidade das pessoas," diz Killingsworth. "Na verdade, a freqüência que as nossas mentes abandonam o presente e para onde tendem a ir é um melhor indicador para predizer a nossa felicidade do que as atividades com as quais nos ocupamos."
Os pesquisadores estimaram que apenas 4,6% da felicidade de uma pessoa num determinado momento podia ser atribuída a uma atividade específica que ele ou ela estavam desempenhando, enquanto que o estado de dispersão mental respondia por cerca de 10,8% da sua felicidade.
Análises de "intervalo causa-efeito" (time-lag) conduzidas pelos pesquisadores sugerem que a dispersão mental dos participantes era em geral a causa, não a conseqüência, da sua infelicidade.
"Muitas tradições religiosas e filosóficas ensinam que a felicidade pode ser encontrada ao viver no momento presente e os praticantes são treinados a evitar a dispersão mental e 'permanecer no aqui e agora,'" relatam Killingsworth e Gilbert na revista Science. "Essas tradições sugerem que uma mente dispersa é uma mente infeliz."
Essa nova pesquisa, dizem os autores, sugere que essas tradições estão corretas.
Os 2.250 participantes no estudo de Killingsworth e Gilbert tinham entre 18 e 88 anos, com uma ampla diversidade sócio-econômica e de ocupações, sendo que 74% dos participantes eram americanos.
Mais de 5.000 pessoas estão agora usando o aplicativo para o iPhone que está disponível para download no site www.trackyourhappiness.org.
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